quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Discutindo Sistema de Signos e Sistema Simbólico

A linguagem como sistema de signo e sistema simbólico foi abordado na aula do dia 30/09 e para melhor discutir o assunto foi exibido e comentados os vídeos músicas Traduzir de Ferreira Gullar e Metade de Oswaldo Montenegro:


TRADUZIR
Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
Outra parte é ninguém:
fundo sem fundo:
Uma parte de mim é multidão:
Outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa e pondera:
Outra parte de mim delira.

Uma parte de mim almoça e janta:
Outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente:
Outra parte se sabe derrepente.

Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte Linguagem

Traduzir uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
Será arte?


METADE
Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me peça de ver o que anseio
Que a morte de tudo que acredito
Não me tape os ouvido e a boca
Por que metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silencio.
Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transorme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corroi por dentro
Seja um dia recompensada
Por que metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro de ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente explicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade mim é amor
mas a outra metade também.

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